As tecnologias digitais oferecem uma oportunidade para mover o cuidado musculo-esquelético para o core da assistência médica.
A saúde digital fornecerá os melhores resultados para os pacientes e maior valor para os sistemas de saúde?
As tecnologias que temos hoje, e aquelas que vão emergindo de start-ups, são mais do que capazes de mudar o cuidado musculo-esquelético. Essas ferramentas digitais contribuem para a promessa de assistência médica baseada em valor – melhorando os resultados dos pacientes, ao mesmo tempo em que permite uma maior relação custo-benefício. A saúde digital precisa fornecer esses dois elementos para ser amplamente adotada.
Em que tipos de tecnologias?
Por exemplo, reabilitação após uma substituição de joelho ou anca. As seis semanas após a cirurgia são cruciais para a qualidade de vida dos pacientes após a recuperação. Um grande desafio, particularmente em populações de pacientes mais velhos, é a adesão do paciente à fisioterapia.
Uma das soluções é usar dispositivos wearables com sensores que forneçam biofeedback aos pacientes para saber se eles estão a dobrar o joelho corretamente ou se a mobilidade melhorou. Pode tornar-se num “jogo”, tornando-os mais propensos a se exercitar.
De que outra forma pode a tecnologia melhorar a reabilitação sem acrescentar custos?
Os principais custos da reabilitação são a realização de fisioterapia numa clínica e depois em casa. O aumento no uso de tecnologia móvel também entre pacientes idosos significa que a fisioterapia pode ser realizada remotamente. O fisioterapeuta pode, por exemplo, programar exercícios para o paciente fazer no seu próprio tempo – e avaliar os dados posteriormente.
Isso ajuda cada fisioterapeuta a trabalhar mais efetivamente com um número maior de pacientes – o que é crucial à medida que nossa população envelhece. Além disso, reduzir ainda mais o tempo de internamento hospitalar após a substituição articular permite que os pacientes voltem ao ambiente familiar mais cedo, onde se sentem confortáveis. E isso é potencialmente benéfico: os pacientes podem fazer menos viagens à clínica ou hospital e seguir um programa convenientemente na sua própria casa, enquanto os profissionais de saúde se tornam mais produtivos.
Quais são as barreiras para a adoção generalizada desses tipos de abordagens?
Está na hora de hospitais, fornecedores e pagadores discutirem como esta abordagem pode trazer benefícios aos pacientes e economizar custos para a sociedade e o sistema como um todo. É necessária uma mudança de mentalidade da parte dos profissionais de saúde. As tecnologias digitais podem desempenhar um papel em todo o continuum de cuidados, potencialmente proporcionando melhores resultados para os pacientes com maior custo-efetividade.
Existem exemplos de como países ou regiões estão a liderar o caminho neste campo?
Os países nórdicos demarcam-se como líderes na adoção da saúde digital. Como exemplo, cada vez mais propostas incentivam as empresas de dispositivos médicos a incluírem programas e tecnologias que possam melhorar os resultados dos pacientes e reduzir os custos ao longo de todo o caminho da assistência, além do produto real.Entrevista com Satschin Bansal Senior Director, Head Signature Solutions EMEA, Zimmer Biomet