Colaboração Digital na Saúde – quebrar barreiras

Uma das maiores barreiras no que diz respeito ao sucesso na área da saúde – desde a relação com pacientes, a testes em laboratório, a segundas opiniões – é simplesmente a geografia.

Quando somos pacientes estamos mais ou menos limitados a hospitais e médicos que estão fisicamente próximos de nós. Para profissionais de saúde a distância ao laboratório ou médico especialista limita a rapidez do diagnóstico, especialmente se é numa área tão niche que o especialista mais próximo está noutro país ou a meio mundo de distância.

Hoje as barreiras físicas podem ser desconstruídas. Apesar de a internet e a era do social media serem assuntos controversos no que diz respeito à saúde – desde as muitas horas em frente ao ecrã que afetam a visão e os padrões de sono, às expectativas pouco realistas de estilo de vida que podem ter impacto não só na nossa auto-estima mas também na saúde mental, muitos estudos e artigos apontam a internet e redes sociais – e o nosso investimento nelas – como factor negativo na nossa saúde.

E se não tiver que ser assim?

E se a internet na era da transformação digital que se vive hoje na área da saúde pudesse ser usada como apoio a diagnósticos complicados (e não, não é usando o WebMD)?

Em muitos casos quando é difícil chegar a um diagnóstico real é importante discutir ideias com os outros médicos e profissionais de saúde, independentemente da sua localização geográfica. Em determinadas circunstâncias pode até ser benéfico consultar investigadores de outras áreas, ou até pessoas com sintomas semelhantes sempre com o objetivo de recolher informação relevante para um diagnóstico preciso e tratamento célere.

Um exemplo do que uma comunidade atenta e investida pode fazer por alguém com sintomas incomuns e que procura por diagnóstico há meses ou anos, é a experiência conduzida pela Dra. Lisa Sanders, com as suas colunas no The New York Times Magazine – recentemente transformadas numa série documental, Diagnosis.

Resumidamente, em cada uma das suas colunas, a Dra. Lisa Sanders apresenta o caso de um indivíduo que sofre com sintomas fortes e incomuns, que já consultou vários médicos e especialistas, a quem foram dados vários diagnósticos preliminares, mas nunca recebeu tratamento adequado à sua condição, e continua, consequentemente, em sofrimento. Depois de a coluna ser colocada online há contribuições de pessoas de todo o mundo e de múltiplas áreas de estudo – sejam médicos, enfermeiros, farmacêuticos, veterinários, investigadores, ou pessoas que se identificam com os sintomas – com opções e sugestões de diagnóstico que podem ser relevantes para cada caso. Durante este processo alguns dos indivíduos conseguem encontrar o diagnóstico de que necessitam e a aliviar o sofrimento, outros conseguem encontrar comunidade em pessoas com o mesmo tipo de problema, outros ficam abertos a hipóteses que nunca tinham sido consideradas.

Este tipo de colaboração digital no que diz respeito a diagnóstico e melhor curso de tratamento é uma mais valia não só para os pacientes – pois não se vêem limitados à opinião de médicos ou especialistas aos quais têm acesso local, mas também para os próprios profissionais de saúde, porque podem não só alargar a sua rede de consultores, mas também alargar o seu conhecimento.

Saúde sem Fronteiras

 Num mundo constantemente conectado não há motivo para que a indústria mais valiosa e que literalmente salva vidas fique para trás. Para além da conexão entre profissionais de saúde em casos especiais, vemo-nos confrontados cada vez mais com a necessidade de desintegrar barreiras locais e regionais. Uma das soluções passa pela tele-saúde.

Seja com os controversos chatbots AI para responder a questões dos pacientes, visitas médicas à distância, videochats com profissionais de saúde mental ou partilha de dados biomédicos – há uma panóplia de novas soluções. Tele-saúde não é apenas uma forma de focar a tecnologia existente na área da saúde, mas uma forma importante de mitigar a falta de médicos e dar um cuidado mais compreensivo à população idosa e isolada – que cada vez mais está em expansão. Isto permite aliviar as diferenças socio-económicas que existem, por exemplo, entre litoral e interior – onde há menos hospitais – para que todos possam ter acesso ao mesmo nível de cuidado.

– Patrícia Correia

Director of Helathcare Marketing